Entro pela livraria dentro e aleatoriamente vou percorrendo as estantes onde estão colocados os livros, primeiro com os olhos, depois com as pontas dos dedos... bisbilhotando. O que me fascina visualmente é a espessura e a textura das capas, as cores, os tipos de letra e até o cheiro... só mais tarde vem o livro e o seu conteúdo. O deslumbramento passa por este ritual quase mágico de tactear, folhear e cheirar os livros... é primitivo e animalesco. Vagueio pela livraria como uma criança tão perdida quanto deslumbrada numa loja de brinquedos. Vou acumulando livros debaixo do braço, instintiva e inconscientemente. Sei que não os posso levar a todos, que no fim apenas um será o eleito. Autor e tema, capa, edição... nada de folhas finas e escuras, nada de letras pequeninas e borratadas, nada de capas de filmes... À metódica escolha cabe praticamente todo o prazer deste moroso processo que dura horas... assim o tempo não custa tanto a passar e quando dou conta, acordo do transe e regresso a casa.
Num suspiro orgulhoso de pertença assino a folha de rosto e aí coloco também a data. Agora sim, é meu...
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